Embalagem de chocolate bem-humorada

As embalagens de chocolate brasileiras, em sua maioria, são adequadas para o público em geral: valorizam o produto com imagens que despertam o apetite, possuem tipografia legível, cores apropriadas (que identificam sabores e categorias), etc. Dentre as várias características que elas possuem, não se pode incluir o bom-humor.

A empresa Bloomsberry & Co., tem no design de suas embalagens uma postura oposta. Suas embalagens, além de serem extremamente divertidas – cada embalagem é uma piada diferente – mostram um profundo conhecimento dos seus consumidores. Existem também embalagens temáticas para Páscoa, Natal, Dia das mães e outras datas comemorativas. Vale a pena ver o catálogo de produtos no site.

As chocólatras, por exemplo, sentem-se totalmente compreendidas ao verem a embalagem do tablete acima. A identificação é imediata afinal, quem nunca passou pela dolorosa experiência de ter de dividir seu chocolate pela “metade”?

Fonte: The Dieline

Garrafa com textura de casca de laranja

Orangina é uma bebida mediterrânea carbonatada (levemente gaseificada) com sabor cítrico feita de laranja em sua maior parte. O produto possui diversas versões como a light, em lata, garrafa família de 1,5 litros, etc. A mais famosa e tradicional dentre elas é a Orangina embalada numa garrafa de vidro bojuda de 250ml.

Esta embalagem é um verdadeiro ícone principalmente por causa da sua textura diferenciada. O vidro possui a aparência da casca de uma laranja. Muitos acreditam que as embalagens da natureza são as mais perfeitas que existem e por esta razão, o melhor para uma embalagem feita por humanos seria “imitá-la”.

É claro que existem muitas diferenças entre uma garrafa e a casca de uma fruta, mas utilizando uma textura semelhante, a embalagem de vidro consegue agregar alguns atributos de identificação com a laranja natural, trazendo tais valores para o produto que ela envolve.

Fontes: Boxvox e Flickr

Embalagens Marca Própria – Portugal

A rede de hipermercados Continente, de Portugal, possui uma vasta linha de produtos de marca própria que leva o nome do próprio estabelecimento: Continente. Em 2008, cerca de 23% do valor despendido pelos consumidores em suas lojas, foi gasto nos produtos marca própria, comprovando seu grande sucesso e popularidade.

As embalagens da marca possuem design com elementos de padronização bastante fortes, sendo a faixa de cor que fica sempre na parte de cima dos produtos, o mais marcante deles. Atualmente a cor vermelha de tal faixa está sendo substituída por outras cores em determinados produtos como os infantis, os saudáveis, os de higiene e beleza, etc. Esta diferencianção em linhas de produtos especiais é uma tendência que aparece nas marca próprias do mundo todo.

Outro ponto iteressante no design da linha é que todos o produtos contam um “semáforo nutricional” que explica de uma maneira muito simples as características do produto, auxiliando o cliente a fazer uma escolha nutricionalmente adequada. Pode-se ver o sistema de informações na fotografia abaixo.

Embalagens Marca Própria – Suíça

O grupo suíço Migros de supermercados, como a maioria das redes européias, possui várias linhas de marcas próprias. Mas uma delas, a Sélection, destaca-se não só das outras marcas própria mas de quase todos os outros produtos encontrados nas gôndolas. O motivo: suas embalagens.

Como se pode ver na imagem acima, a linha de embalagens tem um design simples mas confere uma força incrível à marca. É inegavel a concisão e unidade dos produtos como linha, conseguida por meio de um padrão rígido (fundo branco, faxa dourada, fotos sem grandes produções, etc.). Apesar de tanta rigidez, a linha possui uma poesia difícil de se encontrar nos supermercados. Um exemplo disso é o presunto que possui uma fotografia de flor cujas pétalas são fatias de próprio produto.

A linha criada pelo escritório de design Külling Identity AG, apresenta tamanha elegância, que faz com que os produtos sejam extremamente originais dentro de suas categorias. Veja esta embalagem de café ao lado, ilustrada apenas com algumas penas com as cores do Brasil. Dá pra imaginar o gosto especial que ele deve ter.

Fonte: Com Limão

Sabonete e lápis

Hoje em dia é perfeitamente comum encontrar pessoas morando sob o mesmo teto mas em tempos diferente. O espaço é dividido mas nunca compartilhado. Pensando nisso, surgiu o projeto dos Objetos Afetivos, do Estudio Cinco, que busca criar possibilidades para estes “relacionamentos à distância”. O objetivo é projetar novas maneiras de se relacionar, expandindo as possibilidades para dizer algo para a pessoa próxima /distante. Seguindo essa linha de raciocínio, foi criado o Laponete, que se vê na imagem acima.

O Laponete, um sabonete em formato de lápis, incentiva que você escreva no box durante o banho, de forma que quando o próxima pessoa usar o chuveiro, o vapor revelará uma mensagem no vidro. A caixa vem com 3 Laponetes e uma esponjinha – que serve também como um apagador.

Este é um bom exemplo de como o design pode transformar algo comum, como o sabonete, num produto diferente com um significado todo especial. Isto sim é gerar valor e envolvimento com os usuários.

Embalagens para balas ou remédios?


As embalagens são poderosas, quase todos sabem. Uma boa embalagem pode transformar algo comum em um conceito inusitado, charmoso, atraente. Um bom exemplo desse poder de transformação acontece com os doces da loja Happy Pills, em Barcelona, Espanha. Lá, a doceria virou uma farmácia.

Na loja, os doces vendidos – balas, jujubas, caramelos – são embalados em frascos e potes que imitam remédios. A loja seria uma farmácia de pílulas para felicidade (açúcar faz as pessoas felizes mesmo). Além dos potinhos de medicamento, as pessoas podem levar junto adesivos com textos indicando o consumo das guloseimas contra o mau-humor, a insatisfação, etc. Como se fosse uma prescrição médica.

As embalagens não fazem as balas ficarem mais gostosas, mas fazem com que as pessoas queiram comprá-las para experimentar. E isso é tudo que um bom produto precisa.


Fonte: MM Design

Água e embalagem sustentável

Em tempos de aquecimento global, todos começam a procurar alternativas ecologicamente corretas, pricipalmente em termos de novas embalagens. Pode-se comprovar isto pelos lançamentos nos últimos meses de várias alterantivas para as garrafas pet de água.

A maioria desses lançamentos se constiui em embalagens cartonadas (tetrapak) feitas com grande porcentagem de materiais reciclados, além de serem recicláveis. Algumas dessas águas também prometem reverter parte do lucro adquirido com sua venda em programas ambientais. Todas elas declaram ser a alterantiva mais sustentável para o envasamento de água (H20 Sring Water, Boxed Water, Plant It Water).

Mas até que ponto água embalada – em qualquer que seja a embalagem – pode ser considerada uma alternativa ecologicamente correta? O fato do papel cartão ser melhor que o plástico é suficiente? Podemos dizer que, no mínimo, estes lançamentos são interessantes por levantar longas discussões a esse respeito.

Marca Própria de sucesso – Canadá

Embora o conceito de marca própria cresça cada dia mais no Brasil, ele é extremamente mais grandioso fora do país. Um exemplo de marca própria que cresceu de maneira gigantesca é a President’s Choice (ou apenas “PC”), do varejista canadense Loblaw.

A marca President’s Choice engloba desde produtos tradicionais (versões mais baratas de líderes de mercado) até de linhas especiais (“premium”), com vários posicionamentos e direcionadas a vários públicos. Para isso, a empresa utiliza diversas sub-marcas apresentadas ao consumidor em linhas de embalagem com design diferente: para crianças (Mini Chefs), para produtos orgânicos (Organics), saudáveis (Blue Menu), sustentáveis (Green), entre outros. Atualmente a marca abarca não apenas produtos mas serviços também.

Ela se tornou um sucesso tão grande que extrapolou os padrões do modelo de marca própria e conseguiu ser vendida em outros pontos de venda que não pertencem a rede Loblaw, inclusive fora do Canadá. Hoje a marca própria PC é tão famosa que vale mais que sua empresa criadora. Um caso que tem muito a ensinar para o mercado brasileiro.

Embalagens japonesas

O design de uma embalagem apresenta de maneira visual, uma série de discursos do produto e da empresa responsável por ele, materializando-os de uma forma fácil e direta para a identificação dos usuários. Ele não escapa porém – como todo o tipo de design – das influências culturais que estão a seu redor e que acabam, invarialvelmente se revelando. O design é reflexo do tempo, do lugar e da cultura em que ele está inserido.

Tendo isto em mente, não é de se estranhar que o design de embalagens de culturas muito diferentes e distantes da nossa, não seja semelhante ao nosso. Isto é o que se pode comprovar quando nos deparamos com embalagens japonesas como estas. Elas fazem parte da coleção de James Bowskill, um britânico que trabalha com branding em Tóquio. Vale a pena checar o site dele e ver mais dessas embalagens divertidas. Elas possuem muitas cores chapadas, grafismos, ilustrações e quase não há fotografias apelando para o “appetite appeal” (como acontece muito nas embalagens brasileiras).

Kazimir Malevich e o design

O artista russo Kazimir Malevich, pai do supremartismo (um movimento da arte que estabelecia uma nova ordem puramente pictórica na qual cada forma seria livre, individual, autónoma), é muito conhecido por seus quadros geométricos. Seus trabalhos com design são menos populares mas não menos interessantes.

Na década de 1920, ele esteve interessado em trabalhos que não se restringiam à pintura. Nesta época desenvolveu, junto com outros seguidores, desenhos em cerâmica e estamparias para tecidos, como mostra a imagem.

Malevich criava objetos para a nova sociedade soviética, com a qual se sentia solidário. É o papel de cidadão que se junta ao de pintor. Nos modelos de chávenas e bules criados por ele, nota-se a presença indissolúvel do suprematismo, a influência marcante da sua grande obra, Quadrado Preto.

Kazimir Malevich também se envolveu em projetos arquitetônicos. Voltando-se para o espaço real – o espaço da arquitetura – seus projetos não eram planos perfeitos para edifícios ou fragmentos de cidades reais. Eles se chamavam “arquitetações” (Architekton) e se constituíam, muito mais, em versões tridimensionais de suas complexas composições suprematistas. Tais “arquitetações” serviam também para promover a idéia do artista como o planejador ideal da vida civil, da vida da sociedade.