Reaproveitamento de papel cartão

Com um pouco de criatividade é possível fazer o reaproveitamento da maioria das embalagens e das partes do produto que sobram depois da utilização. Mesmo quando o resíduo é tão simples quanto tubos de papel cartão.

Veja este exemplo do artista japonês Yuken Teruya. Ele recorta os rolos de papel higiênico em formatos de galhos de árvores e os coloca em paredes, junto a iluminação para que façam sombras lindíssimas. O resultado chamado de Corner Forest possui uma beleza muito delicada.

O designer norte-americano Eric Janssen também trabalhou com tubos de papel cartão, porém um pouco mais grossos, vindos de utilização industrial. Ao invés de fazer arte ele resolveu fazer um objeto para seu uso próprio: uma adega de vinhos. Ele pode armazenar até 7 garrafas deitadas no seu Weekly Wine Rack – como é chamado o produto.

A cadeira Conolounge feitas pelos grupo chileno de design Chilean também é feita com os tubos de cartão que sobram da indústria da impressão de papel. Apoiados numa base de metal, os tubos formam uma cadeira que não faz mal à natureza. Resta saber se ela não faz mal à coluna também.

Lingerie sexy feita de embalagens

Falando um pouco mais sobre exemplos de reutilização criativa de embalagens, trazemos o trabalho da artista e designer norte-americana Ingrid Goldbloom Bloch. Ela utiliza latinhas velhas de refrigerante para fazer lingerie feminina: calcinha, sutiã, cinta-liga, espartilho, etc. A linha leva o nome de Trashy Lingerie.

A criação vale mais como obra de arte do que como peça de vestuário (afinal, não deve ser nem um pouco agradável de vestir as peças quando não se tem tendências sado-masoquistas). Além do problemas dos prováveis machucados, existe o risco de se pegar tétano.

E apesar do material pouco nobre – latinhas de alumínio usadas – o resultado é extremamente bonito e, por que não dizer, fashion. Algumas de suas peças estão em exposições de arte e moda sustentável nos Estados Unidos e em outros países.

Fonte: InventorSpot

Kazimir Malevich e o design

O artista russo Kazimir Malevich, pai do supremartismo (um movimento da arte que estabelecia uma nova ordem puramente pictórica na qual cada forma seria livre, individual, autónoma), é muito conhecido por seus quadros geométricos. Seus trabalhos com design são menos populares mas não menos interessantes.

Na década de 1920, ele esteve interessado em trabalhos que não se restringiam à pintura. Nesta época desenvolveu, junto com outros seguidores, desenhos em cerâmica e estamparias para tecidos, como mostra a imagem.

Malevich criava objetos para a nova sociedade soviética, com a qual se sentia solidário. É o papel de cidadão que se junta ao de pintor. Nos modelos de chávenas e bules criados por ele, nota-se a presença indissolúvel do suprematismo, a influência marcante da sua grande obra, Quadrado Preto.

Kazimir Malevich também se envolveu em projetos arquitetônicos. Voltando-se para o espaço real – o espaço da arquitetura – seus projetos não eram planos perfeitos para edifícios ou fragmentos de cidades reais. Eles se chamavam “arquitetações” (Architekton) e se constituíam, muito mais, em versões tridimensionais de suas complexas composições suprematistas. Tais “arquitetações” serviam também para promover a idéia do artista como o planejador ideal da vida civil, da vida da sociedade.

Sétima Arte

Na antiguidade, os gregos e romanos classificavam como arte a pintura, a escultura, a oratória, o teatro, a poesia, a música e a dança.

Mas foi no século XVIII que as manifestações criativas foram estudadas e classificadas em dois grupos: as belas artes e as belas letras.

As belas artes eram seis: arquitetura, escultura, pintura, gravura, música e coreografia. Das belas letras faziam parte a gramática, a eloquência, a poesia e a literatura.

Quando o cinema surgiu em 1895, inventado pelos irmãos Lumiére, foi classificado como arte e ganhou o rótulo de Sétima Arte.

Construtivismo e design gráfico

Aleksandr Rodchenko, Lilya Brik, 1925

Dentro das “vanguardas históricas” com tendências construtivistas deve-se citar além da Rússia (Tatlin, Malevich, Rodchenko, El Lissitzky, Lyubov Popova etc) a Holanda (Theo Van Doesburg, Rietveld etc) e a Suíça (Hannes Meyer, Hilbersheimer etc). No caso da Suíça, país no qual uma revolução burguesa não foi necessária, o radicalismo formal e político também foi intenso. O mesmo ocorreu na Holanda com o movimento De STIJL.

O De STIJL explorou profundamente as noções de equilíbrio e assimetria, buscando formas racionais e harmônicas de organização dos elementos no espaço bidimensional. Seu rigor formal excessivo se apresenta num vocabulário visual restrito, no qual se destaca um geometrismo exagerado e uma priorização à estruturação perpendicular.

A entrada do construtivismo na Bauhaus – a famosa escola alemã popularmente conhecida como o berço do design moderno – deve-se em grande parte a ação de um holandês, Van Doesburg. Ele era crítico em relação ao caráter estético e individualista presentes na Bauhaus, cujo manifesto inicial foi considerado um erro expressionista de Gropius. Embora não tenha sido admitido na escola, suas aulas livres correndo em paralelo acabaram por contaminar, aos poucos, a ideologia da Bauhaus.

Algumas das maiores heranças do Construtivismo na construção do design gráfico – veiculadas pela internacional construtivista e divulgadas para o mundo capitalista através do De STIJL e da Bauhaus – podem ser citadas:
– o uso da tipografia em corpos grandes e como elementos pictóricos,
– o estabelecimento da necessidade de um ponto de atração na área da composição,
– a exploração intensiva das possibilidades da fotografia,
– a mescla orgânica de texto e layout,
– a forte recusa da harmonia clássica,
– o conceito de uma lógica interna e de uma dinâmica entre os elementos da composição,
– a recorrência a angulações de imagens e formas que surpreendam o observador,
– o estabelecimento de uma linguagem visual essencialmente sintética.

Outras características como o uso de famílias tipográficas estandardizadas, o recurso a um sistema de grade que organize a superfície do projeto, a recorrência a elementos e signos visuais já testados e presentes no repertório social e o estabelecimento de uma mancha gráfica claramente identificável pelo observador, foram preocupações mais especificas da Bauhaus.

A arte como construção

El Lissitzky, Vença os brancos com a foice vermelha, 1919

O Construtivismo foi um movimento artístico que tomou forma na Rússia (ou União Soviética) no momento em que este país passava por um processo revolucionário radical (Revolução Bolchevique).

Artistas russos influenciados principalmente pelo Futurismo italiano de Marinetti levaram até as últimas conseqüências a abolição da arte como atitude autônoma “pura”. Deixando de lado aquilo que consideravam ser uma herança burguesa, puseram em prática uma arte produtiva, mais de acordo com os propósitos da revolução.

O Construtivismo colocava a função social da arte como uma real questão política e buscava superar as normas da antiga arte procurando soluções correspondentes ao avanço técnico/ científico pela criação de construções no espaço. A arte deveria estar a serviço da revolução, fabricando coisa para a vida população, como antes fabricava coisas para o luxo das pessoas ricas.

O artista russo seria um pesquisador, um engenheiro, um construtor, um técnico, devendo transformar seu trabalho em arte e sua arte em trabalho. Para ele não existiam artes menores e artes maiores. Este artista aspirava a uma dissolução da arte numa sociedade inteiramente renovada, na qual o valor artístico em si se esgotaria pois estaria em toda parte.

A pintura e a escultura não seriam representações, mas sim construções. Sendo assim, ambas devem utilizar os mesmos materiais e os mesmos procedimentos técnicos da arquitetura e da engenharia, como por exemplo, o ferro, o aço, o vidro, a madeira, o cimento etc. Os materiais deveriam ser sempre aqueles pertencentes ao domínio da produção industrial, e não ao da arte tradicional.

O uso de elementos gráficos geométricos fortes e sintéticos, presentes nos cartazes de propaganda principalmente, não surge de um impulso decorativo ou meramente estilístico, mas essencialmente do objetivo de alcançar uma população analfabeta ou semi-alfabetizada, com o fim de identificá-la com o novo mundo prometido pela sociedade da qual seria varrida a exploração do homem pelo homem. Para os críticos que diziam que essa nova arte era excessivamente elitizada e abstrata, os construtivistas respondiam que o povo estava pronto para compreender a nova estética mecânica porque esta já fazia parte de seu cotidiano.

Embalagens se transformam em arte

No ateliê da carioca Beatriz Milhazes consomem-se balas e chocolates em grandes quantidades. Só que os doces em si são descartados. O objeto de desejo da artista plástica são mesmo as embalagens: graças às cores chamativas, elas se converteram em matéria-prima de suas colagens.

“Não há nada mais sedutor que um papel de bala”, afirma Beatriz. O mercado de arte parece concordar. Suas telas abstratas de tons vibrantes despertam o apetite de colecionadores pelo mundo afora. Em maio, uma obra de 2001 intitulada O Mágico alcançou preço superior a 1 milhão de dólares num leilão da Sotheby’s em Nova York – recorde para um artista brasileiro vivo. Não é exagero dizer que se vive um momento Beatriz Milhazes.
(Veja edição 2076 – ano 41 – nº 35 – 3 de setembro de 2008)

Vaso anti-design

Este vaso batizado com o nome de Mizar, foi feito no ano de 1982 por Ettore Sottsass, designer expoente do grupo Memphis. Ele foi fabricado em vidro azul e transparente (o corpo principal) e com detalhes de vidro multicolorido (alças em verde, amarelo e vermelho). Este vaso possui por volta de 32cm de altura e 30cm de diâmetro.

Este objeto se insere perfeitamente dentro da produção do grupo Memphis, descrita acima. Embora seja um vaso e possa ser utilizado como tal, seu design não é guiado pela “funcionalidade”. Existe mais peso no visual do objeto do que no seu uso prático. A abundância e a incongruência são características marcantes reveladas principalmente pelo uso das diversas alças coloridas. A quantidade é exagerada e, na posição em que se encontram, as alças são inúteis. Elas são elementos anti-funcionais, ou seja, meros ornamentos lúdicos. As cores seguem o mesmo princípio, buscando com ousadia e humor, uma provocação ao princípios defendidos pelo Modernismo tradicional.

O vaso Mizar é uma peça anti-design, que choca e cria polêmica. Exatamente aquilo que seu autor, Ettore Sottsass queria.

Pop art/ Pop design

Peter Murdoch/ Cadeira Spotty feita de papelão/ 1963

A Pop Art nasce em meados dos anos 50. Embora considerado um fenômeno norte-americano, seu ponto de partida é a Inglaterra. A primeira obra Pop é Just What Is It that Makes Today’s Homes So Different, So Appealing?, 1956, de Richard Hamilton. Andy Warhol, Claes Oldenburg, Tom Wesselmann e Roy Lichtenstein são alguns nomes da época.

O Pop falava com o público por meio de signos do imaginário da cultura de massas e da vida cotidiana. O Pop não queria fazer um escape da realidade, mas uma apreciação da mesma: retratar a sociedade industrial. Sua matéria-prima era o repertório inexplorado da visualidade moderna: imagens de revistas, quadrinhos, cinema, propaganda, TV, móveis em série, etc.

No campo do design, o movimento Pop refletiu perfeitamente a lógica da indústria dos anos 60, com aumento de produtividade e obsolescência programada. O produto Pop segue a ética do efêmero: sua produção é barata e descartável após o uso. Um bom exemplo disso é o extenso uso do plástico, material que se torna o favorito desses designers.

O Pop é uma ruptura com o Good Design dos anos anteriores e um anúncio dos movimentos de contestação (Anti-Design e Design Radical) dos anos seguintes, colocando em questão os valores Modernos e predizendo o nascimento futuro do Pós-Modernismo.