A arte como construção
O Construtivismo foi um movimento artístico que tomou forma na Rússia (ou União Soviética) no momento em que este país passava por um processo revolucionário radical (Revolução Bolchevique).
Artistas russos influenciados principalmente pelo Futurismo italiano de Marinetti levaram até as últimas conseqüências a abolição da arte como atitude autônoma “pura”. Deixando de lado aquilo que consideravam ser uma herança burguesa, puseram em prática uma arte produtiva, mais de acordo com os propósitos da revolução.
O Construtivismo colocava a função social da arte como uma real questão política e buscava superar as normas da antiga arte procurando soluções correspondentes ao avanço técnico/ científico pela criação de construções no espaço. A arte deveria estar a serviço da revolução, fabricando coisa para a vida população, como antes fabricava coisas para o luxo das pessoas ricas.
O artista russo seria um pesquisador, um engenheiro, um construtor, um técnico, devendo transformar seu trabalho em arte e sua arte em trabalho. Para ele não existiam artes menores e artes maiores. Este artista aspirava a uma dissolução da arte numa sociedade inteiramente renovada, na qual o valor artístico em si se esgotaria pois estaria em toda parte.
A pintura e a escultura não seriam representações, mas sim construções. Sendo assim, ambas devem utilizar os mesmos materiais e os mesmos procedimentos técnicos da arquitetura e da engenharia, como por exemplo, o ferro, o aço, o vidro, a madeira, o cimento etc. Os materiais deveriam ser sempre aqueles pertencentes ao domínio da produção industrial, e não ao da arte tradicional.
O uso de elementos gráficos geométricos fortes e sintéticos, presentes nos cartazes de propaganda principalmente, não surge de um impulso decorativo ou meramente estilístico, mas essencialmente do objetivo de alcançar uma população analfabeta ou semi-alfabetizada, com o fim de identificá-la com o novo mundo prometido pela sociedade da qual seria varrida a exploração do homem pelo homem. Para os críticos que diziam que essa nova arte era excessivamente elitizada e abstrata, os construtivistas respondiam que o povo estava pronto para compreender a nova estética mecânica porque esta já fazia parte de seu cotidiano.