Design com bambu e folhas secas

A exposição “Design Brasileiro Hoje: Fronteiras“, que está acontecendo no MAM (Parque do Ibirapuera, portão 3), com curadoria de Adélia Borges, e vai até dia 28 de junho, tem muita coisa bacana para se ver. Destacamos dois trabalhos interessantes, ambos feitos com materiais vindos direto da natureza.

Um deles é o cabide de Bambu, de autoria de Takeshi Sumi. Com uma forma limpa e delicada, o cabide é composto por duas peças que são conectadas por encaixe, não havendo a necessidade da utilização de nenhum outro elemento de fixação das peças. Este cabide foi premiado no 22º Prêmio de Design do Museu da Casa Brasileira, em primeiro lugar na categoria de Utensílios.

Outro é o convite de divulgação do workshop “Designing Naturally”, de Fred Gelli. O suporte são folhas secas caídas das árvores que recebem inscrições por meio de corte a laser, o que evita o uso de tintas e garante riqueza de detalhes. Após o uso, os delicados convites podem ser jogados fora sem agredir o meio ambiente.

Visitas valem a pena e devem ser feitas de terça a domingo, das 10 às 17:30h. O preço da entrada é R$5,00. Estudantes pagam metade.

Furadeira cor de rosa


Qual seria a última cor que se espera encontrar adornando um conjunto de furadeira e brocas? Provavelmente rosa, não é? O produto acima está aí para provar que até as furadeiras podem romper os padrões de cores esperados e oferecer soluções inusitadas.

A maior parte das ferramentas se apresenta em cores como preto, azul, verde amarelo, afinal estas são cores mais comumente utilizadas para o universo masculino, que tradicionalmente é o público alvo desse tipo de produto. Elas também trazem uma conotação de força, poder, eficiência, segurança para tais equipamentos, além de serem tradicionais nesta categoria (usadas desde sempre).

Atualmente porém, existem montes de lares chefiados por mulheres e mulheres vivendo sozinhas. Independentes, elas mesmas fazem os pequenos reparos que suas casas precisam. Essa nova situação, abre um nicho específico para produtos direcionados ao público feminino, mais leves, versáteis, etc. Uma boa maneira de comunicar visualmente este fato é “pintar” a furadeira de rosa.

A cor rosa pode trazer alguns problemas, como dar a impressão de que a ferremanta prima pela estética e não pela qualidade. Também pode afastar consumidores mais conservadores, o que nesse caso não é tão grave, pois o conjunto rosa não é para eles mesmo.

Fonte: Apartament Therapy

Prato “Cara de Comida”

Como empresa de design, estamos sempre interessados em bons exemplos de embalagens. Esta caixa não é uma embalagem de comida, mas sim uma embalagem de um produto – um prato de cerâmica com o desenho de um rosto.

O produto em si não tem nada de revolucionário, mas a idéia que ele traz é genial. O prato foi feito para estimular que as crianças brinquem com a comida (coisa que muitas mães acham horroroso) e com isso se alimentem de legumes, verduras, grãos e outros alimentos saudáveis.

E quem sugere essa brincadeira com a comida é justamente a embalagem. Nela estão presentes diversos exemplos de carinhas que podem ser criadas com ervilhas, cenouras, batatas etc. Sem essa embalagem – simples, direta e divertida – o prato seria só um prato, sendo difícil entender a sua proposta.

* em tempo… graças a um comentário, percebemos que faltou o nome da empresa responsável pelo prato! Bom, o produto se chama Food Face e pode ser comprado no site da Fred.

Vaso anti-design

Este vaso batizado com o nome de Mizar, foi feito no ano de 1982 por Ettore Sottsass, designer expoente do grupo Memphis. Ele foi fabricado em vidro azul e transparente (o corpo principal) e com detalhes de vidro multicolorido (alças em verde, amarelo e vermelho). Este vaso possui por volta de 32cm de altura e 30cm de diâmetro.

Este objeto se insere perfeitamente dentro da produção do grupo Memphis, descrita acima. Embora seja um vaso e possa ser utilizado como tal, seu design não é guiado pela “funcionalidade”. Existe mais peso no visual do objeto do que no seu uso prático. A abundância e a incongruência são características marcantes reveladas principalmente pelo uso das diversas alças coloridas. A quantidade é exagerada e, na posição em que se encontram, as alças são inúteis. Elas são elementos anti-funcionais, ou seja, meros ornamentos lúdicos. As cores seguem o mesmo princípio, buscando com ousadia e humor, uma provocação ao princípios defendidos pelo Modernismo tradicional.

O vaso Mizar é uma peça anti-design, que choca e cria polêmica. Exatamente aquilo que seu autor, Ettore Sottsass queria.

Design de motocicleta Yamaha: revival

A Royal Star é uma motocicleta feita para a empresa Yamaha no ano de 1996. Seu design foi assinado pelo GK Design Group, um estúdio de design japonês (um dos maiores do mundo) com filiais em vários países. Seu estilo é claramente Retrô pois seu projeto se configura como uma interpretação direta do visual das motos dos anos 50.

Esta moto possui o “espírito norte-americano” (embora seja japonesa) por ter o desenho típico das motocicletas glamourizadas em filmes como Easy Rider. Este é o espírito nada mais é que a retomada dos valores de tal época por meio se seu visual: o Design Retrô.

Ela possui guidão com garfos dianteiros inclinados para a frente, mantém a altura do banco baixo, pedaleiras avançadas, pneus largos, tanque grande em posição paralela ao chão de forma a proporcionar uma posição confortável para pilotagem. A maioria se suas peças são cromadas e brilhantes, as cores são contrastantes (vermelho, branco e preto). Exatamente como as motos antigas. (Para ver a diferença do design de motos nos anos 90, basta ver o modelo anterior da Yamaha).

Nesta moto, o visual antigo é acompanhado de tecnologia de ponta, fazendo dela um produto híbrido com ótimo funcionamento e forte personalidade.

Design funcionalista: rádio estilo Braun

Este rádio chamado de RT 20, produzido pela empresa Braun em 1961 é um ótimo exemplo do funcionalismo aplicado a um objeto – uma filosofia de simplicidade, durabilidade, ordem, racionalidade, funcionalidade e modularidade. Ele foi desenhado por Dieter Rams, que chefiou o departamento de design da empresa a partir de 1961.

Em 1955 se estabeleceu uma parceria direta da Braun com Ulm que gerou muitos produtos de sucesso: eles corporificaram os princípios funcionalistas da escola e marcaram a identidade da empresa por anos. Eram produtos como este rádio: discretos, equilibrados, honestos, simples, elegantes, com linhas retas e composição unificada. O acabamento era geralmente branco ou preto, com o logotipo em destaque. O que fosse desnecessário era eliminado do produto. O resultado foi tão marcante que ficou conhecido como “Estilo Braun” – “um design sem metáforas, frio, asséptico e objetivo” (SOUZA, Pedro L. P. Notas para uma história do design, 2000, p. 71).

O RT 20 é bastante prático de usar. Ele tem botões grandes e visíveis, agrupados por operação e importância, dial e saída de som evidentes, ou seja, todos os elementos são hieraquicamente organizados por tamanho e espaço através de uma grade rígida. Ele também é extremamente inovador. Basta compará-lo com os rádios da época (foto abaixo).

Omaggio ad Andy Warhol

Esta banqueta, como o próprio nome descreve, é uma homenagem a Andy Wahrol, o mais famoso artista Pop norte-americano, sendo uma referência direta as latas de sopa Campbells usadas em sua obra (1962). Feito em 1973 pelo Studio Simon – ou Simon Internacional – em Bolonha, Itália.

O banco é basicamente uma lata ou tambor de metal pintado com tinta através de técnica da serigrafia, com uma assento solto coberto com almofada e tecido. Ele tem aproximadamente 30cm de diâmetro e 42cm de altura. Há mais versões em diferentes cores.

A banqueta faz parte da série denominada Ultramobile (1971) de Dino Gavina – sócio da Simon Internacional. Este projeto tinha o objetivo de levar poesia para as áreas de convívio das pessoas por meio da mobília, rejeitando os princípios do racionalismo ainda muito presentes em todos os lugares. Existem móveis-tributos a diversos artistas, incluindo Wahrol.

Este banco exemplifica muitas das características do Pop: é popular, barato, supérfluo, leve, efêmero e tem um ar de juventude e diversão. Pode ser considerado um símbolo Pop pois rompe os ideais do Good Design servindo perfeitamente à demanda do consumo de massa de sua época.